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SUSTENTABILIDADE| 17.11.2025

Ásia e América Latina apresentam a maior lacuna de proteção seguradora frente a desastres naturais

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  • A MAPFRE divulga um relatório para avaliar a mudança climática, um grande desafio para o setor segurador.
  • Incêndios, estiagens, ondas de calor e chuvas intensas são os fenômenos climáticos com maior impacto econômico e social.
  • Os prejuízos financeiros por eventos climáticos extremos aumentaram e as perdas seguradas cresceram entre 5% e 7%.
  • A baixa penetração dos seguros nas economias emergentes, a aglomeração da população em áreas de risco e a maior frequência de ocorrências extremas explicam a lacuna de seguro.
  • A indústria seguradora e as administrações públicas devem colaborar para apoiar a atividade econômica e elevar os patamares de proteção e bem-estar social diante desse tipo de eventos.
  • A Europa é o continente que se aquece mais rapidamente no planeta e onde mais crescem os desastres naturais, com um recorde em 2023.
  • A MAPFRE assumiu o compromisso de ser neutra em 2030, com iniciativas voltadas para a redução das emissões de carbono de suas operações, investimentos e carteira de seguros, e o desenvolvimento de soluções para promover energias renováveis, mobilidade elétrica e agricultura regenerativa.

Os efeitos da mudança climática estão causando prejuízos em grande parte do mundo, o que se soma, ainda, à significativa lacuna de seguro que certas regiões exibem. Ásia é a região do mundo com a maior lacuna de proteção seguradora, 82,8%, o que indica que apenas 17,2% dos prejuízos totais decorrentes de riscos relacionados a desastres naturais estão cobertos por contratos de seguros. Segue-se a América Latina, que na última década registrou uma lacuna média de 81,0%, com apenas 19% dos prejuízos totais segurados. Estes dados contrastam com a região da América do Norte, que possui a menor lacuna de proteção do mundo, com uma média de 43,2% de prejuízos não cobertos pelos contratos de seguros, e que atualmente enfrenta ciclones tropicais, tempestades de inverno e incêndios florestais.

As elevadas lacunas de seguro contra catástrofes naturais (gap CatNat) em muitas regiões se devem, principalmente, a uma baixa penetração dos seguros em muitas economias emergentes, a uma maior concentração de pessoas em cidades e áreas de alto risco, e a uma maior frequência e severidade de eventos extremos por consequência da mudança climática.

Estas são algumas das conclusões do relatório “Mudança Climática, Riscos Extraordinários e Políticas Públicas”, apresentado hoje em uma edição da COP30 pela MAPFRE Economics, com o objetivo de analisar o impacto crescente da mudança climática sobre os riscos extraordinários cobertos pela atividade seguradora, especialmente em um contexto de intensificação de fenômenos extremos e de expansão da lacuna de proteção contra os desastres naturais.

De acordo com a maioria dos especialistas, o aquecimento global exerce um papel fundamental na intensificação e frequência dos eventos de catástrofes naturais ligadas ao clima e, em particular, nos chamados “riscos secundários”: fenômenos climáticos de menor intensidade e maior frequência, como incêndios florestais, estiagens, ondas de calor, tempestades, ventos fortes, enchentes e nevascas, entre outros. No contexto atual da atividade de seguros e resseguros, eles ocasionam impactos cada vez maiores em termos de vidas humanas e prejuízos financeiros (representam mais da metade dos prejuízos registrados), bem como danos extraordinários em infraestruturas e ecossistemas.

A apresentação contou com a participação de Mónica Zuleta, diretora corporativa de Sustentabilidade da MAPFRE, e de Ricardo González, diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulamentação da MAPFRE Economics, que evidenciou que “os prejuízos segurados derivados de eventos catastróficos demonstraram uma tendência ascendente contínua a longo prazo para se situar, segundo a Swiss RE Institute, em uma faixa de crescimento anual de 5% a 7% desde 1992”. Nessa linha, ele enfatizou que “embora esse aumento costume ser atribuído ao impacto da mudança climática, também influenciam outros fatores como o crescimento econômico e demográfico, a expansão de áreas vulneráveis com sistemas de alertas precoces ou planos de evacuação e prevenção pouco desenvolvidos, e o incremento dos valores imobiliários”.

O diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulamentação da MAPFRE Economics, também indicou que “as perdas econômicas por fenômenos meteorológicos e climáticos extremos estão aumentando e que se espera que continuem fazendo isso devido à maior frequência e gravidade das catástrofes causadas, entre outros fatores, pelo aquecimento global”. Conforme apontado pela pesquisa da MAPFRE, em 2024, este tipo de catástrofes resultaram em prejuízos financeiros que superaram os 300 bilhões de dólares pela nona vez consecutiva, 14% a mais, dos quais cerca de 145 bilhões de dólares estavam segurados.

Diminuir a lacuna: um desafio da política pública

Superar a lacuna de proteção seguradora para os riscos catastróficos é um desafio que exige uma ação coordenada das entidades seguradoras com todos os níveis de governança, visto que, sem as medidas e os mecanismos de proteção e compensação necessários, os riscos climáticos se tornam não seguráveis ou inacessíveis.

Nesse sentido, o relatório destaca a relevância de desenvolver marcos de colaboração entre as administrações públicas e o setor segurador para gestão e compartilhamento de riscos de desastres como, por exemplo, por meio de entidades que existem em países como a Espanha, como o Consórcio de Compensação de Seguros, que indeniza sinistros extraordinários. Menciona também a importância de promover incentivos para a prevenção e redução de riscos por fenômenos climáticos adversos, como os sistemas de alertas precoces, que oferecem dados em tempo real para estimar a intensidade e trajetória de tempestades, enchentes, ondas de calor ou incêndios florestais; e de aumentar as iniciativas voltadas a ampliar a cobertura seguradora, como por exemplo, através de soluções paramétricas, que proporcionam uma resposta rápida e eficiente diante de desastres climáticos ao efetuar pagamentos automáticos baseados em parâmetros mensuráveis e previamente definidos, como a velocidade do vento, o volume de chuva ou a força de uma estiagem.

O papel da MAPFRE

“A mudança climática constitui um dos principais obstáculos para a estabilidade social e econômica e é um desafio de primeira magnitude para a atividade seguradora, que precisa se tornar um participante fundamental no momento de elevar os níveis de proteção e bem-estar da sociedade”. Assim ressaltou Mónica Zuleta, diretora corporativa de Sustentabilidade da MAPFRE, que mencionou que a MAPFRE exerce um papel fundamental na hora de determinar objetivos e compromissos ambiciosos, como se tornar uma empresa neutra em 2030 em todos os países e NetZero até 2050 em suas carteiras de seguros e investimento; estimular a transição energética justa, a fim de acompanhar as empresas para que se transformem e continuem gerando riqueza de uma forma cada vez mais respeitosa com o meio ambiente; e desenvolver soluções inovadoras que apoiem a descarbonização e se ajustem às novas demandas climáticas, com coberturas para suportar as energias renováveis, a mobilidade elétrica e a agricultura regenerativa, entre outras.

Nesse sentido, a diretora corporativa de Sustentabilidade do Grupo mencionou algumas delas, como os seguros paramétricos, que a MAPFRE impulsiona graças ao investimento em Blue Marble, o desenvolvimento de títulos de catástrofe, que operam como um seguro e que possibilitam transferir o risco de desastres naturais aos investidores do mercado de capitais, o fundo MAPFRE Energías Renovables II, um projeto pioneiro na Europa que investe em biometano, um biocombustível 100% verde, e o Biosseguro, que a empresa lança na COP30 com o objetivo de impulsionar empreendimentos de reflorestamento e regeneração natural após eventos extremos e manter sua capacidade de produzir créditos de carbono.

Você pode ler o relatório completo aqui.